terça-feira, 1 de setembro de 2009

Crônica
Não sei quem foi que disse que a Vida é feita pela Morte.
É a destruição contínua e perene que faz a vida.
A esse respeito, porém, eu quero crer que a Morte mereça maiores encômios.
É ela que faz todas as consolações das nossas desgraças;
É dela que nós esperamos a nossa redenção;é ela a quem todos os infelizes pedem socorro e esquecimento.
Gosto da Morte porque ela é o aniquilamento de todos nós; gosto da Morte porque ela nos sagra.
Em vida, todos nós só somos conhecidos pela calúnia e maledicência, mas, depois que Ela nos leva, nós somos conhecidos (a repetição é a melhor figura de retórica), pelas nossas boas qualidades.
É inútil estar vivendo, para ser dependente dos outros; é inútil estar vivendo para sofrer os vexames que não merecemos.
A vida não pode ser uma dor, uma humilhação de contínuos e burocratas idiotas; a vida deve ser uma vitória.
Quando, porém, não se pode conseguir isso, a Morte é que deve vir em nosso socorro.
A covardia mental e moral do Brasil não permite movimentos. de independência; ela só quer acompanhadores de procissão, que só visam lucros ou salários nós pareceres. Não há, entre nós, campo para as grandes batalhas de espírito e inteligência. Tudo aqui é feito com o dinheiro e os títulos. A agitação de uma idéia não repercute na massa e quando esta sabe que se trata de contrariar uma pessoa poderosa, trata o agitador de louco.
Estou cansado de dizer que os malucos foram os reformadores do mundo.
Le Bon dizia isto a propósito de Maomé, nas suas Civilisation des arabes, com toda a razão; e não há chanceler falsificado e secretária catita que o possa contestar..
São eles os heróis; são eles os reformadores; são eles os iludidos; são eles que trazem as grandes idéias, para melhoria das condições da existência da nossa triste Humanidade.
Nunca foram os homens de bom senso, os honestos burgueses ali da esquina ou das secretárias chics que fizeram as grandes reformas no mundo.
Todas elas têm sido feitas por homens, e, às vezes mesmo mulheres, tidos por doidos.
A divisa deles consiste em não ser panurgianos e seguir a opinião de todos, por isso mesmo podem ver mais longe do que os outros.
Se nós tivéssemos sempre a opinião da maioria, estaríamos ainda no Cro-Magnon e não teríamos saído das cavernas.
O que é preciso, portanto, é que cada qual respeite a opinião .de qualquer, para que desse choque surja o esclarecimento do nosso destino, para própria felicidade da espécie humana.
Entretanto, no Brasil, não se quer isto. Procura-se abafar as opiniões, para só deixar em campo os desejos dos poderosos e prepotentes.
Os órgãos de publicidade por onde se podiam elas revelar, são fechados e não aceitam nada que os possa lesar.
Dessa forma, quem, como eu nasceu pobre e não quer ceder uma linha da sua independência de espírito e inteligência, só tem que fazer elogios à Morte.
Ela é a grande libertadora que não recusa os seus benefícios a quem lhe pede. Ela nos resgata e nos leva à luz de Deus.
Sendo assim, eu a sagro, antes que ela me sagre na minha pobreza, na minha infelicidade, na minha desgraça e na minha honestidade.
Ao vencedor, as batatas!
Marginália
Análise Literária
Não sei quem foi que disse que a Vida é feita pela Morte.É a destruição contínua e perene que faz a vida.A esse respeito, porém, eu quero crer que a Morte mereça maiores encômios.

Gosto da Morte porque ela é o aniquilamento de todos nós; gosto da Morte porque ela nos sagra.

É inútil estar vivendo, para ser dependente dos outros; é inútil estar vivendo para sofrer os vexames que não merecemos.Os órgãos de publicidade por onde se podiam elas revelar, são fechados e não aceitam nada que os possa lesar.

Sendo assim, eu a sagro, antes que ela me sagre na minha pobreza, na minha infelicidade, na minha desgraça e na minha honestidade.
Biografia do Autor da Crônica

Afonso Henriques de Lima Barreto (Rio de Janeiro, 13 de maio de 1881 - Rio de Janeiro, 1 de Novembro de 1922), melhor conhecido como Lima Barreto, foi um jornalista e um dos mais importantes escritores libertários brasileiros.

Era filho de João Henriques de Lima Barreto (mulato nascido escravo) e de Amália Augusta (filha de escrava agregada da família Pereira Carvalho). O seu pai foi tipógrafo. Aprendeu a profissão no Imperial Instituto Artístico, que imprimia o famoso periódico "A Semana Ilustrada".

A sua mãe foi educada com esmero, sendo professora da 1º à 4º séries. Ela morreu cedo e João Henriques trabalhou muito para sustentar os quatro filhos do casal. João Henriques era monarquista, ligado ao Visconde de Ouro Preto, padrinho do futuro escritor.

Talvez as lembranças saudosistas do fim do período imperial no Brasil, bem como suas remotas lembranças da Abolição da Escravatura na infância tenham vindo a exercer influência sobre a visão crítica de Lima Barreto sobre o regime republicano.
Personagens,Características e Função.
Le Bon foi médico e sociólogo francês: Um dos primeiros a estudar a psicologia das massas e o mecanismo psicológico da proaganda.
Maóme foi figura política, ele unificou várias tribos árabes, o que permitiu as conquistas árabes daquilo que viria a ser um império islâmicofigura política, ele unificou várias tribos árabes, o que permitiu as conquistas árabes daquilo que viria a ser um império islâmico.
Obs :foram apenas citados na crõnica e não atuam com personagens.

Narrador e Foco Narrativo

Narrador: O próprio autor.(Afonso Henriques de Lima Barreto ).
Foco Narrativo: Narrador Observador em 1° pessoa.
"Opnião de cada componente"



Gostei da crônica, pois ela retrata um assunto não muito discutido.
Ele fala que sofremos por coisas não tão importates. Sabemos que a morte vai chegar, então temos que fazer a vida valer à pena.

''Elogio da morte'' é a retratação em geral no que quer falar a morte. Que sem ela nada seríamos e ela é o anestésico da dor que sofremos com o estresse do cotidiano e com as dificuldades da vida passageira.


Gostei da crônica escolhida
(Elogio da morte) porque ela fala que a morte é aniquilameto de todos os nós. E que a vida não é só uma dor e pode ser, sim, uma vitória.



A crônica ''Elogio da morte'' quer dizer que a vida feita porque existe a morte e sem ela nós não viveríamos.
Ela é um trecho que marca a nossa vida e que ela os sagra e nos acompanha todo o instante.



Gostei da crônica ''Elogio da morte'' bem o motivo da procura por ela. Também muitas vezes quando a gente está sogfrendo demaisela é alguma das soluções que uma parte de pessoas procuram para acabar com o próprio problema.


A crônica é um texto maravilhoso a minha explêndida opnião. Este assunto retrata não só a vida, pois nem sempre ela é com esperamos. A morte muitas vezes acalma. Enfim, viver a vida é uma missão para morrermos.